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INSPIRI-SE

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

EPÍTOME DA HISTÓRIA DE ITAPIRANGA

Por volta do ano de 1880, a pioneira dona Eugênia Vieira dos Anjos (Eugênia França), de índole nômade, viajando de águas abaixo em sua igarité/residência, por motivo qualquer resolveu fazer parada, atracando sua embarcação no local onde hoje é denominado Igarapé do Castanho. Depois de saltar em terra e ter dado voltas mata adentro, agradou-se do local, por ser várzea na frente e logo atrás terra firme e alta, resolveu armar seu barraco e fixar residência por uma boa temporada. Galgou a parte mais alta do terreno, depois de uma demorada e minuciosa observação, determinou os limites do terreno que iria ficar sob seu domínio desse dia em diante; assim, se tornando a pioneira, dando inicio ao surgimento da hoje CIDADE DE ITAPIRANGA.
Antes, o Município de Itapiranga era um distrito pertencente a Silves e denominava-se “Paraná da Boa Esperança”, seus habitantes residiam nas várzeas, embora sem documentação que provasse sua legitimidade. Dona Eugênia intitulava-se senhora soberana e absoluta proprietária do terreno escolhido, traçando seus limites do seguinte modo: nascente – pelo Igarapé do Castanho até o Igarapé do Piegas; sul – com Igarapé da Boa Esperança e pelo norte sem limites determinado, dando nome de Pedras ao local. Alguns anos mais tarde, dona Eugênia nostálgica, melancólica em seu modo de viver como desbravadora não se sentia bem, parada no mesmo local por muito tempo, qual murerú ou capim membeca não criava raiz em parte alguma com qualquer vento mais forte, mandava-se de águas abaixo para outras plagas, afim de conhecer novos e pitorescos lugares desabitados para localizar-se, dando início a outras povoações, resolveu vender seu terreno.
Joaquim Almeida da Costa, residente no Paraná do Periquito, sabedor da decisão de dona Eugênia propôs-lhe compra oferecendo a importância de R$ 100.000,00 (cem mil reis), o que foi aceito e realizada a operação de compra/venda, na lei do toma lá e dá cá, e assim Pedras passou para o domínio de Joaquim Almeida da Costa, em 1888, o qual juntamente com seus irmãos, Xisto da Costa e Antonio Francisco da Costa, mudaram-se do Paraná do Periquito e passaram a residir em Pedras.
Até 1907, a povoação tinha 3 famílias, num total de 23 habitantes.
Na enchente grande no ano de 1908, quando alagou todas as várzeas, seus moradores sem condições para permanecerem em suas casas procuraram as terras firmes, chegando em Pedras, dirigiram-se a Joaquim Almeida da Costa pedindo abrigo, durante o período da cheia, imediatamente foram atendidos em suas pretensões, construíram as casas e passaram a residir em caráter provisório. Depois da enchente, no período da seca, nem todos retornaram às suas antigas residências nas várzeas, os que ficaram, a convite de Joaquim Almeida da Costa, resolveram fixar residências permanentes, pois o mesmo já havia antes distribuído lotes de terras para todos os refugiados da enchente. Estes, muito contribuíram para a concretização da povoação de Pedras, foram eles Maximiliano Pinto e Manoel Batista dos Santos, tempos depois veio Deocleciano do Carmo Santos, que comprou a casa de Manoel Batista dos Santos, em seguida vieram Bento de Macedo, Francisca Serrão, Estevão Guedes da Silva, João Vilaça Barroso, Raimundo Borges do Carmo, Francisco Chaves, Veríssimo Serrão, José Dácio e assim sucessivamente vieram outros anos após anos.
Em 1918, Pedras já tinha uma população de 72 habitantes.
Daí consolidada a povoação de Pedras. Sendo seus legítimos em primeiro plano, Joaquim Almeida da Costa e seus irmãos Xisto da Costa e Antonio Francisco da Costa, apoiado e reforçado por Deocleciano Carmo dos Santos, Maximiliano Pinto, Bento de Macedo, José Dácio, Estevão Guedes da Silva, João Vilaça Barroso, Luiz da Costa Coutinho, Veríssimo Serrão e Francisco Serrão, Manoel Cipriano Vital e outros.
Por sugestão de Deocleciano Carmo dos Santos que era o mais instruído entre eles, mudaram o topônimo de PEDRAS para ITAPIRANGA, devido às pedras de seu porto serem vermelhas. Do tupi, ita=pedra e piranga=vermelha. Passando assim desde então a ser denominada a povoação de Itapiranga.
Por força da Lei Estadual nº 1.138, de 25 de março de 1922, elevou á categoria de Vila a Povoação de Itapiranga, transferindo-se para esta a sede do Município de Silves. Em conseqüência mudança a Vila de Silves foi rebaixada a simples povoação.
Com a mudança da sede do Município de Silves para Itapiranga, foram realizadas eleições para intendente, equivalente a prefeito atualmente, sendo eleito Deocleciano Carmo dos Santos, mas não chegou a assumir seu cargo por imposição dos coronéis de barranco, da vila de Silves. Naquela época, já imperava a politicagem desenfreada, inimiga do progresso. As eleições eram realizadas “pro forma”, de antemão já se sabia quem seria eleito, o voto não era secreto. Os componentes das mesas receptoras de votos eram os “coronéis” ou então pessoas de sua inteira confiança. Ai daquele que se pronunciasse contra seus candidatos. Feixes de varas estavam ostensivamente expostos na sala onde funcionava a seção eleitoral, fazendo parte do material de votação, no mínimo, na melhor das hipóteses apanhavam uma boa surra. Quando alguém conseguia burlar a severa vigilância dos jagunços, escapando das infalíveis surras, estes eram considerados pessoas indesejáveis. Os poucos que se atreviam a isso eram moradores da povoação de Itapiranga. No entanto, seus nomes eram registrados nas listras negras dos pretensos inimigos os “coronéis”. Foi o que aconteceu com Deocleciano Carmo dos Santos, à sua atitude corajosa, atreveu-se a fazer oposição aos poderosos coronéis, prestigiados pelo governo estadual. Deocleciano candidatou-se ao cargo de intendente, elegeu-se, mas não o permitiram que o mesmo assumisse seu cargo eletivo.
Em conseqüência desta monstruosidade aberrante, substituíram-no pelo senhor Daudelino Monteiro, com a mesma facilidade que a patroa troca de empregada que não se submete a seus caprichos, por outra mais acessível. Daudelino Monteiro, depois de aproximadamente seis meses de governo municipal não agradou aos coronéis, sendo logo substituído pelo senhor Estevão Guedes da Silva, sendo “persona grata” a quem autorizaram a transportar os arquivos da Vila de Silves para a Vila de Itapiranga. Sendo portador o senhor Quirino da Costa Coutinho, sobrinho de Estevão Guedes da Silva.
O “coronel manda chuva” lá de Silves, ao receber a carta do intendente Estevão Guedes da Silva, em que solicitava entregar ao portador ao arquivos da intendência de Silves, depois de inteirado de seu conteúdo proferiu a seguinte sentença – como é o Estevão que me pede, vou ordenar a entrega dos arquivos, fosse ao Deocleciano ou outro que não rezasse em minha cartilha, não entregaria e nem havia quem me obrigasse a isso.
Foi dessa maneira toda especial que os arquivos da intendência de Silves, foram pelas primeira vez transferidos para a Vila de Itapiranga. Estevão Guedes da Silva exerceu seu mandato até o final.
Por força do Decreto nº 23, de 27 de fevereiro de 1925, a sede municipal voltou para Silves, que teve seu território incorporado ao Município de Itacoatiara, em virtude do Ato nº 45, de 28 de novembro de 1950.
Em detrimento a essa mudança, a Vila de Itapiranga retrocedeu, passando a simples povoação, retornando os arquivos da ex-intendência de Itapiranga para a Delegacia Municipal de Silves, que em conseqüência de outro ato governamental, mudou a denominação da intendência municipal para Delegacia Municipal.
O Ato nº 201, de 24 de janeiro de 1931, mudou a sede da Delegacia Municipal de Silves para Itapiranga, posteriormente elevava novamente à categoria de Vila, por efeito do Ato nº 34, de 20 de março de 1931, desde então permaneceu em caráter definitivo a sede do Município de Silves em Itapiranga. Naquele mesmo ano por Decreto Governamental foi nomeado o Sr. Mário de Queiroz Barbosa, Delegado Municipal da Vila de Itapiranga, permanecendo como Município de Silves.
O Ato nº 33, de 14 de setembro de 1931, anexou o Município de Silves à Itacoatiara, na qualidade de Delegacia Municipal.
Mário Barbosa passou pouco tempo como Delegado Municipal, sendo posteriormente substituído por Manoel Fernandes Garcia, eleito pelo povo em eleição direta.
Em 1935, com a reconstitucionalização do Estado do Amazonas, o Município de Silves readquiriu sua antiga autonomia. Segundo as divisões territoriais datadas de 31/03/1937, o Município de Silves tem sua sede em Itapiranga e compõem-se de um só Distrito ou Itapiranga.
De acordo com o Decreto - Lei Estadual nº 68, de 31 de março de 1938, o Município de Silves teve seu topônimo alterado para Itapiranga, e à sede municipal foram concedidos foros de cidade, no quadro anexo ao Decreto - Lei Estadual nº 69, de 31 de março de 1938, modificado pelo Decreto Estadual nº 78, de 09 de maio desse ano Itapiranga permanece constituído unicamente pelo Distrito de igual nome.
Pelo Decreto – Lei Estadual nº 176, de 01 de dezembro de 1938, o Distrito de Itapiranga perdeu parte de seu território para constituir o novo Distrito de Silves. No quadro territorial fixado pelo citado Decreto – Lei nº 176, para vigorar no quinquênio 1939/1943, o referido Município figura com o Distrito de Itapiranga e Silves, este ultimo subdividido em 04 zonas.
De conformidade com o quadro territorial vigorante no quinquênio 1944/1948, fixado pelo Decreto – Lei Estadual nº 1.186, de 31 de dezembro de 1943, modificado pelo Ato de nº 1.400, de 05 de março de 1945, o Município de Itapiranga continua formado por dois Distritos Itapiranga e Silves.


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